30 julho 2009

28 julho 2009

O MEIO DA RUA de hoje não é mais como antigamente

executor: Julian Beever

19 julho 2009

Na COPACABANA

A lua brilhando doida me deixa louco e a subjetividade vai consumindo meu pensamento. Pensar nas fantasias da vidinha da gente olhando a geometria das calçadonas de Copacabana me faz pensar que sensação não é sentimento. Fantasia é fantasia, sensação é sensação e sentimento é sentimento. A liberdade confunde a cabeça maluca de qualquer cidadão confuso. A dúvida é parte do pensamento maluco de cada doido.

Cada maluco decide o que é,
Resolve quem é e se é maluco ou não é.
Decide pra que e se quer ser coerente,
Decide se mente ou se é homem ou mulher.
Cada confuso só é pai se quiser,
Só beija quem quer ou se quiser quem não quer.
Doido que é doido em geral anda a pé
Sabendo que pode ir de carro, se a
Distância for grande prefere ir de ré.

Mesmo querendo o idiota tem o direito de decidir que não quer.

O babaca dispensa a montanha porque ouviu dizer que a montanha vai a Maomé.O que ele não sabe é que a montanha só sai do lugar se a montanha quiser. Vai acabar lamentando sentado ou vai ter que virar Maomé. Tadinho dele, só vai virar se puder ou se um dia o destino quiser.


18 julho 2009

chuvinha DE verão

16 julho 2009

essa tal dESSA barca

Enquanto a barca corria
Eu tentava lhe chamar
Mas não conseguia
Porque a barca corria
Eu gritava seu nome
Mas ninguém ouvia

O desespero aumentava
E a saudade doía mas
Não chegava a me matar
Porque a lembrança era linda
Do dia em que você vinha
Vestindo só calcinha

Respirava meu abraço
Sem medo dos meus braços
Sem nunca dizer que me ama
Já eu não tinha medo
E repetia sem sossego
Te sufocando até o fim

Por causa desse sufoco
Entrou nessa tal dessa barca
Que me impede de te chamar
Me obrigando a gritar em vão
E acenar com a mão esquerda
Porque já fiz a direita cansar

No dia em que a barca parar
E você desistir de navegar
Tenta olhar pra mim e gritar
Eu espero que seja alto
Pr’eu escutar sem duvidar
E aí sim poder respirar

E se não quiser gritar
Se não der vontade de sair
Da barca pra me chamar
Aí é melhor até ficar por lá
Sem me perturbar que eu juro
Que a saudade não vai matar


13 julho 2009

dEsperdício
-
Cresceu
Depois desapareceu
A saudade não bateu
Foi ser mais feliz
Sem mim

Sair
Esquecer, abandonar
Nunca mais telefonar
É desperdício de amor
Meu

.............Desperdício de amor
.............Meu
.............Desperdício de amor

Não vem
Se me encontra não me viu
Quando eu olho já sumiu
Desperdício de amor
Também

12 julho 2009

as cores de ESCHER

01 julho 2009

BREVES relatos de uma fumante abandonada

Mesa tipo escrivaninha. Uma mulher dorme sobre anotações sem importância. Um quadro com uma foto, tipo desenho feito a mão, está pendurada na parede. O abajur acende. Ela acorda. Começa a procurar por algo.

Achei. Minha piteira. (para o retrato) Estava torcendo para que eu não encontrasse, não é desgraçado? Mas achei. Vício é vício. Larguei a nicotina, passei pra piteira. Eu já acordo com a piteira na boca. Só não durmo com ela porque o lábio não obedece, porque por mim eu dormia. Eu sonho com isso, não com a piteira, é claro, com o cigarro. Nossa, eu sinto a fumaça entrando, dando uma limpada, e saindo de novo. Depois ela fica envolta, uma nuvem. É tudo muito mágico. É como um orgasmo. As pessoas tem mania de falar mal da nicotina. Mas esses são os que nunca experimentaram ou os ex-amantes da droga traumatizados. A nicotina é sutil, de repente você se nota apaixonado. E se largar é fossa! Nas épocas de amor maior, de dependência, eu tragava até Derby. E com vontade! Que saudade de uma tragada bem dada... Cadê meu maço, hein? (procura e encontra) (acende um cigarro) Eu também não tinha largado de verdade, eu não fumo só faz cinco dias. Foi o Roberto que me passou o vício. Ele fedia a cigarro, inteiro. Eu perdi minha virgindade com esse canalha. E não foi convencional não. (para a foto) Você me deixou maluca, Roberto. Calhorda. Estou louca. Eu não sei se você reparou, mas eu estou conversando com a parede oposta à minha escrivaninha, me referindo a um retrato e até um minuto atrás eu dava tragadas em uma piteira. O Roberto desapareceu da minha vida do nada, logo depois que apareceu. Pra falar a verdade eu não sei nem se o nome deste infeliz é Roberto. Sei lá, combina com ele. Eu achei melhor inventar alguma porcaria do que chamar de moço. Eu tenho que chamar de alguma coisa. Enfim, Roberto. Eu conheci o Roberto em uma madrugada em Laranjeiras. Ponto de ônibus. Eram duas e quinze da manhã. Ninguém na rua. Só aquele negão enorme me olhando fixo. Eu era mínima. Joguei meu chiclete fora e fingi que nem vi. Tava morrendo de medo. Aí resolvi encarar. Por dois segundos. Pois é, dois segundos, foi o suficiente. Só lembro de mim no chão, morrendo de medo e olhando pra ele, completamente bêbado. “Tá pensando o que da vida garota?” Pá. (gesticula um tapa) Foi a deixa para eu começar a chorar. E fiquei lá, chorando, ia fazer o quê? Me deu um chute nos peitos que eu fui parar no chão. Filho-da-puta. Uma garotinha que não sabia nem o significado da palavra sexo. Começou a me cutucar e me dar chutinhos pelo corpo. Nada que doesse, mas me fez chorar ainda mais. Ele se ajoelhou encaixando o corpo enorme dele, de negão, na minha barriga. Não saia uma palavra da minha boca. Só pude notar a mão dele tentando me acariciar, e conseguindo, é claro. Pegou no meu pescoço e me puxou, devagarinho. Eu engoli o choro e qualquer palavra que tivesse na minha cabeça. Ele olhou bem dentro dos meu olhos e falou – “Relaxa, meu amor.” Eu pensei – é. Olha, não tinha para onde fugir, ninguém ia aparecer para me ajudar, não passava ônibus há uma meia hora. A minha saída foi ficar tranqüila. Vou dizer que relaxar de verdade eu não consegui. E não gostei, na hora. Hoje eu tenho noção de como foi bom. Que negão era aquele? Aquilo é um ser abençoado. Pois quando vi já estava de costas, deitada. Com muito medo ainda, neh! Imagina se eu iria relaxar. Mas dei um jeito e consegui me virar. Fiquei encarando ele, e depois parei. Estava molhada. Urinada. Morrendo de medo. Ele tentou beijar minha boca mas acabou beijando meu nariz. Pôs o dedo no topo da minha testa e foi descendo, bem devagar. Eu comecei a gostar, mas ao mesmo tempo odiava. Engraçado que ele não tentou tirar minha blusa. Parou o dedo no meu umbigo. Bom, aí foi a sua hora não é? Me desvirginou. Seu tarado. Roberto, uma garotinha. Pedófilo. Oh negão gostoso. Olha, já escutei que bêbado trepa mal, mas isso é uma mentira que parecia que aquele homem tinha tomado uma catuaba! Pois é, ele se desgrudou e eu já pus logo a mão na saia. Mas minha cabeça estava tombada pra trás. Eu não sabia o que eu estava sentindo. Sei lá, tinham me estuprado. E em Laranjeiras. Eu devia achar uma merda, mas vou fazer o quê? Gozei. Melhor, gozei não, tive um orgasmo. O único. Sabia, Roberto? O único orgasmo da minha vida! A minha vontade, diferente de qualquer outra que estivesse no meu lugar, era ficar com aquele cheiro suado de cigarro banhado a álcool no meu corpo, pra sempre. Por mim eu ficava sem tomar banho por uns três dias. Antes de ir embora o Roberto jogou o maço de cigarros dele perto de mim. Com minhas últimas forças peguei aquele negócio e antes de abrir cheirei. Tinha um isqueiro lá dentro, e um cigarro. Você é tão fofo, Roberto. Ficou com peninha, neh amor? Resolveu ser solidário. Um cigarro! Bom, acendi. Quando eu cheguei em casa contei pra minha irmã, mas, é lógico, não falei do orgasmo, e ela me obrigou a ir na polícia e fiz um retrato falado. A única lembrança que eu tenho dele. Minha alma gêmea. Meu encaixe perfeito. Eu mesma nunca me permiti ir atrás deste cafajeste. A única maneira que eu encontrei de não deixar o Roberto desaparecer da minha vida foi assim, fumando. O cigarro me passa toda aquela luxúria que eu senti naquela noite. Eu tenho orgasmos contínuos quando estou fumando. Eu sinto aquele homem dentro de mim. Se eu tiver que morrer por causa do cigarro, que venha o enfisema! Porque você não vai sumir de novo da minha vida. Ah, não vai. Não vai não.