28 agosto 2009

o caçador é Nobu Haihara


22 agosto 2009

IMPERFeito


Tão lindinha e de vestido
Lembro que era apaixonante
Lembro que era apaixonado
Inclusive pela parte dela
Que não deve ter sonhado comigo
Mas eu delirei sonhando com ela


18 agosto 2009

o sonho de cada um


14 agosto 2009

o TRECO

Era como se as pessoas pulassem,
Como se elas estivessem dançando,
Mas não era bem isso que acontecia.
Era como se elas enlouquecessem
E não ligassem pra esse negócio
De enlouquecer de vez em quando,
Contanto que a loucura fosse boa
E que só se ingerisse loucura da boa.

Era como se as pessoas fossem vivas
O tamanho necessário pra ser bom
O suficiente pro tamanho ser bom
O suficiente pra que tudo fique bom.
E tudo ficava bem bom naquela hora.
Como se ninguém estivesse ligando,
Como se o treco todo estivesse ligado
Por um outro treco que juntasse tudo.

Era como se as pessoas se beijassem
Mais do que estavam beijando de fato.
Era como uma falta de intimidade
Onde o amor era maior do que era
Quando se encontravam fora dali,
Onde a intimidade mostrava, nítida,
Quem realmente amava e quem não
Queria nem saber de amor nenhum.

Era como se o líder não falasse nada.
E não parecia preciso que fosse dito
Nada pela boca calada do tal do líder
Que, sendo líder, dizia quase nada
E se fazia entender com precisão,
Apesar do tamanho do pouco que dizia.
Não precisava muito pro entendimento
De se escutar barulho e se ouvir silêncio.

12 agosto 2009

ROB Gonsalvez olhando por nós

05 agosto 2009

DESMAIO

Descanse. Se esqueça. Deixa a cabeça vagar livremente. Liberte completamente a sua mente – dentro do possível. Relaxe. Não pense em pensar em nada, pense no nada e sinta, por livre e espontânea vontade, paz. Encontre onde fica a sua paz. Se acalme. Lembre das cores mais coloridas ou então do preto e do branco. Recorde as lembranças boas ou aceite os momentos mais trágicos e dolorosos – se divirta com eles. Embarque o mais que puder no que parece não fazer diferença, esqueça a sua crença e sinta-se uma pessoa melhor – ignore o lixo que você sabe ser quando dá. Desmaie. Não perca a memória e nem se aproveite dela pra se defender do profundo. Se jogue. Sinta a sensação que lhe for proposta sem pestanejos. Não apague a coerência, não esqueça a clareza, mas aceite qualquer possibilidade de subjetividade e dúvida. Saiba que Deus está lá e o ignore, tanto faz quem ele realmente é, não importa se ele lembra de você. Se depare com a criatura abstrata que você gosta de ser e abstraia isso também. Seja o mais abstrato possível. Entregue-se. Deixe o nariz escorrer. Sinta o formigamento dos braços e deixe que seja. Sinta o peso que a leveza parece ter e deixe pesar. Descarte o ego. Enfrente o medo. Não se aproveite das fantasias para fingir levar isso tudo a sério – apenas esteja. Não acredite em nada. Apenas desmaie, se acalme, relaxe, se esqueça. Descanse profundamente.


NU, de roupão azul

A foto na tela me dá o recado –
Usando só o roupão azul todo gasto
De trás da porta do banheiro
Vou me mudar prum lugar com paz.

Sou um dos velhos dos novos tempos,
Como me disse o velho dos antigos.
Não é que estou velho, é que sou.
Parte do grupo dos pobres sugadores.

Quero habitar um lugar com árvores
Que estejam plantadas em algo marrom.
Quero que a perturbação seja calma
Pra que o que sugado seja realmente bom.

Não pretendo sugar mais nada de ninguém,
Nem encontrar motivos pra me defender.
Prometo nunca mais caminhar no cimento.
Prometo, a qualquer momento, estar nu.

Cheio de amor pra dar, eu sou o vampiro do Jorge
Mautner que não ganha nada de individuo algum.
Me sinto feliz e todo insatisfeito com meu mundo,
Sinto que vou embora, que Deus quer me ver mais mudo.