24 dezembro 2009

PAtuscada

De boca aberta,
Eu ali,
Vendo beleza essa
De sagitário,
Ficava olhando
Beleza essa
De boca aberta.

A boca aberta
De libriano
Era escancarada,
Na patuscada
Que mesmo Gandhi,
De boca aberta,
Fingiu não ver.

Quem não via
A beleza essa
Era quem fingia
Que a patuscada
Era só de Gandhi -
E ele que assumisse
A responsabilidade.

A patuscada
Era ali de todos,
Que mesmo bobos,
De bocas abertas,
Fingiam nada.
Ou fingiam tudo
De bocas fechadas.

Não sabiam eles
Que a beleza aquela
Que todos queriam
Era um pouco minha,
Por mais fantasia
Que pudesse ser
Acreditar que sim.

Duvidar que não
Era besteira alheia,
Que distanciava
Da beleza essa
Que eu me aproximava
Em decidir que sim.
E que eu paguei pra ver.

27 outubro 2009

Notícia de OSTEOPOROSE

É engraçado esse jeito dela de dar noticia de morte.
Não para nunca pra pensar que pode assustar,
Desestabilizar e por os filhos do sujeito pra chorar.

Fala com a frieza da pessoa pura que está toda torta.
Fala que já é costume ouvir notícia de pessoa morta,
Não se abalar, mas sentir a osteoporose entortar.

Louca, fala ao telefone como quem se importa
Mas desliga e xinga logo a piranha de fofoqueira
E diz que quer mais é que se foda aquela fuxiqueira.

Essa gente não tem mais o que fazer e telefona pra
Repassar noticia de gente que ela já sabe que morreu.
Se morreu, morreu. Ela pensa – ele se fodeu, não eu.

26 outubro 2009

Não me ame nunca não

Hoje em dia a carne é fraca
E a verdade mata
Quem diz é o pangaré
Feliz de um pangaré
Morre com sabor de agosto
Que é o mês do desgosto
E da desilusão
E de rimar em vão
Linda como uma uva passa
No arroz colorido
Da cor do vestido
De tom integral
Quase passo mal em ver
Decote tão intenso
Em seio tão imenso
Na minha ilusão
Quero
Eu desejo muito
Que o marido dela
Que eu imaginei
Não sofra como eu
Homem
Que eu nem sei se existe
Que eu nem sei se é triste
Que eu nem sei se deu
Condição de amor
A mulher que amei
A mulher que amo
Pelo menos hoje
Mas que nem sei se tenho
Condição de amar
A mulher bem também
Moça
Não me ame nunca
Não deseje nunca
Não permita nunca
Essa loucura não

26 setembro 2009

O IMPERDÍVEL papo de Terence McKenna

22 setembro 2009

STOP motion

09 setembro 2009

cabra SAFADO!

.
.
.
Apesar do que a mulher
Do meu compadre me falou
O vinho era Miolo.
Tolo, eu que acreditei
Que a então mulher
Do meu compadre
Me traria Periquita.

Eu trouxe o pão francês
Especial da padaria,
Um Toddy morno e pronto,
Duas taças para vinho,
E a minha companhia
Vestida especialmente
Para o vinho ao lado dela.
A bela do meu compadre
Que, quem sabe, o trairia
Comigo aquela noite –
Compadre do meu compadre
E amante da mulher dele,
Que já comia o pão francês
Que era mesmo para ela
E pro vinho que viesse com ela,
Que além de Miolo
Descia com muita culpa e
Com o pão francês da padaria
Encomendado, por que queria,
Pela mulher do meu amigo,
Que não podia traí-lo comigo!
Traísse então com outro,
Fosse atrás de amigo dela,
E não de amigo dele!
Um sujeito tão de bem,
Gente que acorda cedo
E que não tem medo
De fazer campanha da dengue,
Que atrasa a gente no verão,
Instigando esse tesão
Desesperado que dá por ela.
Mulher antiga de amigo meu!
Gente boa do bem,
Morador da favela,
Hipócrita de vez em quando
Mas defensor real daquela
História de fazer o bem
E de casar uma vez com alguém
Pra dormir junto a vida toda
E nunca trair você com ninguém,
Que dirá logo um amigo seu
Como um cabra safado feito eu!





04 setembro 2009

Rosemere

PRETA e MÃE DE 5 FILHOS legítimos na sua casa em Olinda
(Foto: Alexandre Severo/JCImagem)

COISA linda do mundo

Persistindo ser a coisa mais linda do mundo
Era ela lá a mais linda do mundo que dava
Que linda do mundo era ela quando eu olhei
E reparei a coisa tão linda do mundo que era
Percebi que linda ela era quando se entregava
E que o mundo que ela estava parava pra ver
A beleza nos olhos lindos dela e o vestido dela
Que ela não estava mas que eu imaginava ter

28 agosto 2009

o caçador é Nobu Haihara


22 agosto 2009

IMPERFeito


Tão lindinha e de vestido
Lembro que era apaixonante
Lembro que era apaixonado
Inclusive pela parte dela
Que não deve ter sonhado comigo
Mas eu delirei sonhando com ela


18 agosto 2009

o sonho de cada um


14 agosto 2009

o TRECO

Era como se as pessoas pulassem,
Como se elas estivessem dançando,
Mas não era bem isso que acontecia.
Era como se elas enlouquecessem
E não ligassem pra esse negócio
De enlouquecer de vez em quando,
Contanto que a loucura fosse boa
E que só se ingerisse loucura da boa.

Era como se as pessoas fossem vivas
O tamanho necessário pra ser bom
O suficiente pro tamanho ser bom
O suficiente pra que tudo fique bom.
E tudo ficava bem bom naquela hora.
Como se ninguém estivesse ligando,
Como se o treco todo estivesse ligado
Por um outro treco que juntasse tudo.

Era como se as pessoas se beijassem
Mais do que estavam beijando de fato.
Era como uma falta de intimidade
Onde o amor era maior do que era
Quando se encontravam fora dali,
Onde a intimidade mostrava, nítida,
Quem realmente amava e quem não
Queria nem saber de amor nenhum.

Era como se o líder não falasse nada.
E não parecia preciso que fosse dito
Nada pela boca calada do tal do líder
Que, sendo líder, dizia quase nada
E se fazia entender com precisão,
Apesar do tamanho do pouco que dizia.
Não precisava muito pro entendimento
De se escutar barulho e se ouvir silêncio.

12 agosto 2009

ROB Gonsalvez olhando por nós

05 agosto 2009

DESMAIO

Descanse. Se esqueça. Deixa a cabeça vagar livremente. Liberte completamente a sua mente – dentro do possível. Relaxe. Não pense em pensar em nada, pense no nada e sinta, por livre e espontânea vontade, paz. Encontre onde fica a sua paz. Se acalme. Lembre das cores mais coloridas ou então do preto e do branco. Recorde as lembranças boas ou aceite os momentos mais trágicos e dolorosos – se divirta com eles. Embarque o mais que puder no que parece não fazer diferença, esqueça a sua crença e sinta-se uma pessoa melhor – ignore o lixo que você sabe ser quando dá. Desmaie. Não perca a memória e nem se aproveite dela pra se defender do profundo. Se jogue. Sinta a sensação que lhe for proposta sem pestanejos. Não apague a coerência, não esqueça a clareza, mas aceite qualquer possibilidade de subjetividade e dúvida. Saiba que Deus está lá e o ignore, tanto faz quem ele realmente é, não importa se ele lembra de você. Se depare com a criatura abstrata que você gosta de ser e abstraia isso também. Seja o mais abstrato possível. Entregue-se. Deixe o nariz escorrer. Sinta o formigamento dos braços e deixe que seja. Sinta o peso que a leveza parece ter e deixe pesar. Descarte o ego. Enfrente o medo. Não se aproveite das fantasias para fingir levar isso tudo a sério – apenas esteja. Não acredite em nada. Apenas desmaie, se acalme, relaxe, se esqueça. Descanse profundamente.


NU, de roupão azul

A foto na tela me dá o recado –
Usando só o roupão azul todo gasto
De trás da porta do banheiro
Vou me mudar prum lugar com paz.

Sou um dos velhos dos novos tempos,
Como me disse o velho dos antigos.
Não é que estou velho, é que sou.
Parte do grupo dos pobres sugadores.

Quero habitar um lugar com árvores
Que estejam plantadas em algo marrom.
Quero que a perturbação seja calma
Pra que o que sugado seja realmente bom.

Não pretendo sugar mais nada de ninguém,
Nem encontrar motivos pra me defender.
Prometo nunca mais caminhar no cimento.
Prometo, a qualquer momento, estar nu.

Cheio de amor pra dar, eu sou o vampiro do Jorge
Mautner que não ganha nada de individuo algum.
Me sinto feliz e todo insatisfeito com meu mundo,
Sinto que vou embora, que Deus quer me ver mais mudo.

30 julho 2009

28 julho 2009

O MEIO DA RUA de hoje não é mais como antigamente

executor: Julian Beever

19 julho 2009

Na COPACABANA

A lua brilhando doida me deixa louco e a subjetividade vai consumindo meu pensamento. Pensar nas fantasias da vidinha da gente olhando a geometria das calçadonas de Copacabana me faz pensar que sensação não é sentimento. Fantasia é fantasia, sensação é sensação e sentimento é sentimento. A liberdade confunde a cabeça maluca de qualquer cidadão confuso. A dúvida é parte do pensamento maluco de cada doido.

Cada maluco decide o que é,
Resolve quem é e se é maluco ou não é.
Decide pra que e se quer ser coerente,
Decide se mente ou se é homem ou mulher.
Cada confuso só é pai se quiser,
Só beija quem quer ou se quiser quem não quer.
Doido que é doido em geral anda a pé
Sabendo que pode ir de carro, se a
Distância for grande prefere ir de ré.

Mesmo querendo o idiota tem o direito de decidir que não quer.

O babaca dispensa a montanha porque ouviu dizer que a montanha vai a Maomé.O que ele não sabe é que a montanha só sai do lugar se a montanha quiser. Vai acabar lamentando sentado ou vai ter que virar Maomé. Tadinho dele, só vai virar se puder ou se um dia o destino quiser.


18 julho 2009

chuvinha DE verão

16 julho 2009

essa tal dESSA barca

Enquanto a barca corria
Eu tentava lhe chamar
Mas não conseguia
Porque a barca corria
Eu gritava seu nome
Mas ninguém ouvia

O desespero aumentava
E a saudade doía mas
Não chegava a me matar
Porque a lembrança era linda
Do dia em que você vinha
Vestindo só calcinha

Respirava meu abraço
Sem medo dos meus braços
Sem nunca dizer que me ama
Já eu não tinha medo
E repetia sem sossego
Te sufocando até o fim

Por causa desse sufoco
Entrou nessa tal dessa barca
Que me impede de te chamar
Me obrigando a gritar em vão
E acenar com a mão esquerda
Porque já fiz a direita cansar

No dia em que a barca parar
E você desistir de navegar
Tenta olhar pra mim e gritar
Eu espero que seja alto
Pr’eu escutar sem duvidar
E aí sim poder respirar

E se não quiser gritar
Se não der vontade de sair
Da barca pra me chamar
Aí é melhor até ficar por lá
Sem me perturbar que eu juro
Que a saudade não vai matar


13 julho 2009

dEsperdício
-
Cresceu
Depois desapareceu
A saudade não bateu
Foi ser mais feliz
Sem mim

Sair
Esquecer, abandonar
Nunca mais telefonar
É desperdício de amor
Meu

.............Desperdício de amor
.............Meu
.............Desperdício de amor

Não vem
Se me encontra não me viu
Quando eu olho já sumiu
Desperdício de amor
Também

12 julho 2009

as cores de ESCHER

01 julho 2009

BREVES relatos de uma fumante abandonada

Mesa tipo escrivaninha. Uma mulher dorme sobre anotações sem importância. Um quadro com uma foto, tipo desenho feito a mão, está pendurada na parede. O abajur acende. Ela acorda. Começa a procurar por algo.

Achei. Minha piteira. (para o retrato) Estava torcendo para que eu não encontrasse, não é desgraçado? Mas achei. Vício é vício. Larguei a nicotina, passei pra piteira. Eu já acordo com a piteira na boca. Só não durmo com ela porque o lábio não obedece, porque por mim eu dormia. Eu sonho com isso, não com a piteira, é claro, com o cigarro. Nossa, eu sinto a fumaça entrando, dando uma limpada, e saindo de novo. Depois ela fica envolta, uma nuvem. É tudo muito mágico. É como um orgasmo. As pessoas tem mania de falar mal da nicotina. Mas esses são os que nunca experimentaram ou os ex-amantes da droga traumatizados. A nicotina é sutil, de repente você se nota apaixonado. E se largar é fossa! Nas épocas de amor maior, de dependência, eu tragava até Derby. E com vontade! Que saudade de uma tragada bem dada... Cadê meu maço, hein? (procura e encontra) (acende um cigarro) Eu também não tinha largado de verdade, eu não fumo só faz cinco dias. Foi o Roberto que me passou o vício. Ele fedia a cigarro, inteiro. Eu perdi minha virgindade com esse canalha. E não foi convencional não. (para a foto) Você me deixou maluca, Roberto. Calhorda. Estou louca. Eu não sei se você reparou, mas eu estou conversando com a parede oposta à minha escrivaninha, me referindo a um retrato e até um minuto atrás eu dava tragadas em uma piteira. O Roberto desapareceu da minha vida do nada, logo depois que apareceu. Pra falar a verdade eu não sei nem se o nome deste infeliz é Roberto. Sei lá, combina com ele. Eu achei melhor inventar alguma porcaria do que chamar de moço. Eu tenho que chamar de alguma coisa. Enfim, Roberto. Eu conheci o Roberto em uma madrugada em Laranjeiras. Ponto de ônibus. Eram duas e quinze da manhã. Ninguém na rua. Só aquele negão enorme me olhando fixo. Eu era mínima. Joguei meu chiclete fora e fingi que nem vi. Tava morrendo de medo. Aí resolvi encarar. Por dois segundos. Pois é, dois segundos, foi o suficiente. Só lembro de mim no chão, morrendo de medo e olhando pra ele, completamente bêbado. “Tá pensando o que da vida garota?” Pá. (gesticula um tapa) Foi a deixa para eu começar a chorar. E fiquei lá, chorando, ia fazer o quê? Me deu um chute nos peitos que eu fui parar no chão. Filho-da-puta. Uma garotinha que não sabia nem o significado da palavra sexo. Começou a me cutucar e me dar chutinhos pelo corpo. Nada que doesse, mas me fez chorar ainda mais. Ele se ajoelhou encaixando o corpo enorme dele, de negão, na minha barriga. Não saia uma palavra da minha boca. Só pude notar a mão dele tentando me acariciar, e conseguindo, é claro. Pegou no meu pescoço e me puxou, devagarinho. Eu engoli o choro e qualquer palavra que tivesse na minha cabeça. Ele olhou bem dentro dos meu olhos e falou – “Relaxa, meu amor.” Eu pensei – é. Olha, não tinha para onde fugir, ninguém ia aparecer para me ajudar, não passava ônibus há uma meia hora. A minha saída foi ficar tranqüila. Vou dizer que relaxar de verdade eu não consegui. E não gostei, na hora. Hoje eu tenho noção de como foi bom. Que negão era aquele? Aquilo é um ser abençoado. Pois quando vi já estava de costas, deitada. Com muito medo ainda, neh! Imagina se eu iria relaxar. Mas dei um jeito e consegui me virar. Fiquei encarando ele, e depois parei. Estava molhada. Urinada. Morrendo de medo. Ele tentou beijar minha boca mas acabou beijando meu nariz. Pôs o dedo no topo da minha testa e foi descendo, bem devagar. Eu comecei a gostar, mas ao mesmo tempo odiava. Engraçado que ele não tentou tirar minha blusa. Parou o dedo no meu umbigo. Bom, aí foi a sua hora não é? Me desvirginou. Seu tarado. Roberto, uma garotinha. Pedófilo. Oh negão gostoso. Olha, já escutei que bêbado trepa mal, mas isso é uma mentira que parecia que aquele homem tinha tomado uma catuaba! Pois é, ele se desgrudou e eu já pus logo a mão na saia. Mas minha cabeça estava tombada pra trás. Eu não sabia o que eu estava sentindo. Sei lá, tinham me estuprado. E em Laranjeiras. Eu devia achar uma merda, mas vou fazer o quê? Gozei. Melhor, gozei não, tive um orgasmo. O único. Sabia, Roberto? O único orgasmo da minha vida! A minha vontade, diferente de qualquer outra que estivesse no meu lugar, era ficar com aquele cheiro suado de cigarro banhado a álcool no meu corpo, pra sempre. Por mim eu ficava sem tomar banho por uns três dias. Antes de ir embora o Roberto jogou o maço de cigarros dele perto de mim. Com minhas últimas forças peguei aquele negócio e antes de abrir cheirei. Tinha um isqueiro lá dentro, e um cigarro. Você é tão fofo, Roberto. Ficou com peninha, neh amor? Resolveu ser solidário. Um cigarro! Bom, acendi. Quando eu cheguei em casa contei pra minha irmã, mas, é lógico, não falei do orgasmo, e ela me obrigou a ir na polícia e fiz um retrato falado. A única lembrança que eu tenho dele. Minha alma gêmea. Meu encaixe perfeito. Eu mesma nunca me permiti ir atrás deste cafajeste. A única maneira que eu encontrei de não deixar o Roberto desaparecer da minha vida foi assim, fumando. O cigarro me passa toda aquela luxúria que eu senti naquela noite. Eu tenho orgasmos contínuos quando estou fumando. Eu sinto aquele homem dentro de mim. Se eu tiver que morrer por causa do cigarro, que venha o enfisema! Porque você não vai sumir de novo da minha vida. Ah, não vai. Não vai não.

28 junho 2009

QUERIDÃO


23 junho 2009

ESQUETES d'O TABLADO dos últimos tempos

19 junho 2009

dois PERDIDOS numa foto lindinha
.

13 junho 2009

GANEShaS


por Lourenço Monte-Mor

09 junho 2009

TEM GENTE que chama ISSO de SÍNDROME do pânico

Se apaixona por mim e vai embora.
Me seduz, me deixa doido e vai embora.
Sente um medo surpreendente
Da paixão surpreendente
E se desliga, e vai embora.

Não sorri, nem diz nada nem chora,
Só some do nada, só vai embora.
Quanto mais não se entende, mais se ama,
Quanto mais se ama, mais se desespera
E mais se vai embora e vai embora e some.

Tem gente que chama isso de síndrome do pânico.

Não vai, não. Quanto mais embora se vai,
Mais do embora se volta. E volta sempre!
Eu sei que só se vai porque se sabe que volta,
Sabe-se até que na volta se volta amando.
Sempre que alguém volta, volta amando muito.

Eu prometo que não vou embora.
Já que na volta se volta amando tanto,
Se cada vez que se vai embora o desespero piora
E o que não se entende não melhora,
Eu realmente não posso ir embora.

Eu vou ficar aqui sentado.

08 junho 2009

Marcel MARCEAU, aquele querido da cara branca

05 junho 2009

os maias avisaram que TAVA DANDO MERDA...
.

29 maio 2009

A SEQUELA não é da maconha, é DO CIGARRO

Atrasadíssimo, me arrumei correndo, tomei um banho rápido de meia horinha, amarrei os cadarços e botei no shuffle. Entrei na garagem e a bicicleta não estava lá. Sai da garagem e entrei de novo pra ver se mudava alguma coisa. Nada de bicicleta. Eu lembrava ter voltado pra casa pedalando, ontem. Cadê a porra da bicicleta? Atrasadíssimo! Gritei – Marcos – e meu porteiro apareceu falando no celular com uma leve cara de insatisfação, desligou e tentou fingir que não estava tão insatisfeito assim. Caguei pra isso. Ele me disse, com muita certeza e tranqüilidade que a bicicleta não estava lá mesmo não. Fiquei parado olhando pra ele e tentando remontar os meus passos da madrugada na cabeça. Eu não lembrava perfeitamente, ainda, mas disse pra ele que sabia que a seqüela era grande. Lembrei!

Liguei pra minha mãe e ela me mandou ter calma com a minha forma de contar os fatos pois meu pai ficaria estressadíssimo. Ou já estava ficando. Os dois estavam bebendo uma cerveja ou coisa parecida no Ithay, isso é bem perto da padaria Rio Lisboa, o foco do assunto.

Saí do ensaio de bicicleta, passei na casa do George pra dar um breve doisinho com ele e a Bella e senti muita vontade de fumar cigarro. Estou fumando muito cigarro. Precisava de um maço. É assim mesmo, não adianta parar de fumar e ficar roubando de todo mundo. Pode até roubar, mas alguma hora o maço tem que ser seu! Peguei a bicicleta e fui direto à Rio Lisboa. Na verdade queria cigarros e doces. Algumas opções de doces! Passatempo recheado, Nutella e Carlton. Custa um pouco menos de dez reais ou pouco mais, provavelmente pouco mais. Com tudo pago, eu abri o cigarro, bati no maço pra pilar um pouco mais e voltei pra casa todo sorridente dando tragadas fantásticas. Fui dormir, acordei, meditei, fumei, fumei, fui à terapia, jantei e deu a hora do ensaio. O ensaio era às nove e meia da noite. Exatamente nessa hora, já bem atrasado, eu liguei pra minha mãe e contei pra ela que tinha deixado a bicicleta, que estava com banco novinho, apoiadinha no descanso, sem cadeado nem nada dessas coisas, bem em frente à padaria. Ela me disse que existem problemas piores, me pediu melhores informações sobre a posição da bicicleta e meu pai já tinha ido lá.

A bicicleta, coitadinha, estava exatamente no mesmo lugar. Eu tinha para mim, na minha cabeça, que isso não poderia acontecer. Eu tinha concluído – perdi a bicicleta! Não! No Leblon as pessoas são honestas! Será que as pessoas são honestas? Pois é, sei lá... Eu sei é que ninguém teve coragem de roubar minha bicicleta, coitadinha, que tinha ficado ali um dia inteiro em silêncio, sem saber perguntar por mim nem em português nem em outra língua! Fiquei pensando – que sorte! Não sei exatamente qual a sorte. Acho que a maior sorte é da minha bicicleta ser moradora da zona de burguesia carioca e freqüentadora de padarias que não fecham. Ela deve ter ficado tão bonitinha na frente da padaria, apoiadinha, que todo mundo achava sempre que o dono estava lá dentro. Mas não estava. E agora ela descansa tranquilona, de banco novo e tudo, do lado da casa do meu porteiro.